Há tempos, reorganizo o quintal,
movo pedras, podo galhos,
planto novas mudas, removo ervas daninhas,
cavo o solo, rego as plantas,
traço caminhos de pedra,
nutrindo o que cresce e renovando o que foi.
num reflexo em mim,
o externo e o interno se conectam,
onde o tempo e as mãos se encontram.
ouço palavras de aulas, de livros, de músicas,
sons que se entrelaçam ao canto das folhas,
e as raízes que parecem sussurram
que a vida é um processo contínuo:
de plantar, podar, reorganizar.
Se me perguntas, curioso,
"Por que esse cuidado?"
Respondo que entre o custo e o esmero,
há ainda mais: ao ordenar a terra,
reorganizo, sem pressa, a minh'alma.
cada folha que cai, cada semente plantada,
é um gesto de esperança no silêncio do tempo,
lento, em pequenos passos, sutis.
o quintal, assim como os pensamentos,
se transforma:
o caos vira ordem,
a desordem, aprendizado.
cada dia, um novo detalhe,
não busco o fim, mas o caminho,
onde o toque na terra me revela
o que as palavras não podem alcançar.
e assim, seguimos,
eu e o quintal,
organizar lá fora, desbravar cá dentro,
e a cada tiquim que mexo,
encontro mais de mim.
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