28 de setembro de 2024



sábado, 19:30

da janela, vejo o horizonte
que já não é mais belo.

vejo árvores queimando,
uma a uma, elas se vão.
penso nos ninhos dos passarinhos
casulos de borboletas,
bicho de todo tamanho, 
tudo queimando,
vida que se apaga, 
em um sopro em vão
sob o calor

tudo se vai,
vai a fumaça,
vai a fuligem,
do chão ao céu,
e com elas, a memória do verde,
que agora é cinza,
que agora parece o fim
sob o calor

fica a tristeza,
pesada e sem cor,
e uma dor no peito,
por tudo que se perdeu
sob o calor

nas chamas que sobem,
recordo minha casa,
que também se queimou
o calor, a fumaça,
e o som do crepitar
as coisas desfeitas em brasa,
os esforços de minha mãe levados pelo tempo
móveis, vidros, roupas, desfeitos em chamas,
nossas peles carregam as lembranças
do tempo que se perdeu 
sob o calor

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