30 de março de 2017

Sentidos

caminhando,
foi apanhada pela chuva.
sentiu os pingos,
fortes e levemente frios,
em contato com a pele quente,
resultante de uma noite morna,
e das passadas ritmadas.

aquele toque contrastante
causara-lhe espanto.
aquele 'ah'!
que só quem tomou chuva sabe explicar.
sentiu frio,
se entregou aos pingos,
sentiu alegria.

Aquela dos tempos de crianças,
que brincava sob a chuva
e nas águas da sarjeta.

Sentiu a água molhando seus cabelos,
os pingos que caiam em seu rosto,
os que encharcavam suas roupas,
que colavam ao corpo.

Sentiu com as mãos os corpo molhado
a roupa pesada, inerte ao corpo.
numa entrega às águas,
sentiu o contentamento
sentiu a paz
como se água lavasse,
mais que seu corpo,
seus pensamentos e sentimentos.

Pensou que bom não ter nada nas mãos

[não ter que correr]
ter a escuridão da noite
[não ter que se esconder]
a calmaria da rua vazia
só eu e a chuva,
poder se entregar aos pingos
e se deixar lavar.

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