6 de outubro de 2012

Como comecei a escrever...


Certa vez, confessei não ter a quem dizer. 
Como se fosse das cousas simples, sugeriram:
Escreve!
Mas escrever o que!? Indaguei, num misto de surpresa e incompreensão.
- Sobre o pensamento, o sentimento, o sofrimento...
Considera o papel um amigo,
Confidencia-lhe os fatos, 
Conta pra ele o que não tens para quem dizer...
E depois, guarda; esconde ou joga fora.

Pensei, que sandice!
Mas resolvi tentar.
Quando sentia um mundo dentro de mim,
(de raiva, tristeza, decepção)
Ou um vazio de solidão,
Buscava meu novo amigo.
Começamos a nos relacionar de forma modesta,
Eu, como todo tímido, não sabia ao certo como introduzir certos assuntos, 
Outras vezes, ia me expressando descompassadamente,
Mas, aos poucos, com o tempo, fomos nos entendendo.

Cansado de tanto dizer e nada ouvir,
Recluso em meus devaneios,
Afastei-me deste companheiro.
Fui buscar outras amizades.
Eis que me acheguei aos livros...
Entre eles, não precisava dizer.
Não falava mais sobre mim ou as coisas.
(Era o extremo oposto da minha antiga relação)
Agora, eu apenas ouvia.
Sentia suas palavras, e acalmava as minhas.

Sentia-me parte das rimas, dos contos, das histórias.
Personagem, confidente, testemunha, espectador...
como se determinados livros estivessem contando-me a sua versão sobre a minha vida.

Mas, os livros, também não são papel!?
Depois de certo tempo percebi a intensidade de nossa relação.
E como estivemos sempre juntos.
Hoje, como todo relacionamento maduro,
Ora ouço suas colocações,
Ora falo (escrevo).
Conto sobre o que vejo, o dia-a-dia, o que sinto.
Rimo os dizeres, 
Idealizo os quereres,
E quando me faltam as palavras, 
Como bom amigo, complementa-me com outras já ditas... 

Nenhum comentário: