28 de janeiro de 2020

24 de janeiro*

Hoje o céu pranteou
Não se aguentando da lembrança de amanhã, do ano que passou.
Chorou, um choro convulsionado
Daqueles que não pára
Daqueles de quem tem dor
A dor da perda
De quem tanto amou e ama.
Entendida apenas por quem já a sentiu
E viveu, dor assim...

Oh, céu das Gerais, 
Reavives agora a dor não cicatrizada?
Choras pelo acumulado
Pelo Córrego do feijão**
E pelos muitos de Brumadinho?

Não vês que ao prantear
Encharca tuas terras
Com seu avassalador pesar.
E seus filhos, novamente, viveram o inesperado.
O horror. 
Nas águas subindo, o temor
Pela vida, o outro, o construído e os modos de viver.

Nos olhos que via, o pavor.
Lá se foi mais uma vida
Lá se foi toda uma vida de labor.

Onde está Maria? Onde está João?
Estava na casa que se foi?
Estava nas águas que se vão?

Novas lágrimas
Do céu, no céu e na terra.
Marcas que ficam, 
Nos solos das Minas
... tristezas Gerais.



* No dia 24 de janeiro de 2020, BH teve o dia com mais chuva na história da cidade.
https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/01/24/bh-tem-recorde-com-o-dia-de-mais-chuva-em-110-anos-diz-inmet.ghtml

** O rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, situada em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019 matou 272 pessoas e deixou outras 11 desaparecidas

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